ANDROIDES SONHAM COM OVELHAS ELÉTRICAS?

      

Androides sonham com ovelhas elétricas?, obra visionária adaptada em 1982 para o clássico filme Blade Runner.


O que determina, afinal, nossa condição de ser humano?

"Androides sonham com ovelhas elétricas?" é um livro de ficção científica que reúne diversas questões filosóficas, principalmente sobre o existencialismo e razões do ser.

Acrescentando a isso, a ambientação do livro é feita em um universo futurista, com presenças de androides entre humanos, porém totalmente possível de acontecer em uma realidade futura.

O começo do livro já mostra o quão longe um autor de ficção científica pode ir. Imagina você criar uma ovelha. Agora imagina você criar uma ovelha elétrica. Imagina você ter um sintetizador que controla seu humor, onde você  sintoniza o canal de um humor específico e aquilo te influência de forma direta, te fazendo sentir feliz, ou realizado com o trabalho, ou com vontade de obedecer as ordens da esposa, etc etc etc... esse é o início do Andróides Sonham com Ovelhas Elétricas?.


O livro é bastante simples de acompanhar. Não tem tantos personagens para prestar atenção e a história é bem interessante.  A Terra é descrita como bagunçada e vazia... A forma como os "bagulhos" são multiplicados, fazendo analogia a como lugares desorganizados e a sujeira consegue se proliferar rapidamente, me lembrou da história da Janela Quebrada. 

O enredo é bem diferente de Isaac Asimov, por exemplo, onde os robôs são vistos como algo relativamente inofencivos e direcionados a seguir as 3 leis do cérebro positrônico. No mundo de Philip, os robôs mais avançados podem ser perigosos, embora robôs com inteligência mais limitada executem tarefas triviais para ajudar os seres humanos. Contudo, há uma similaridade entre os tipos de andróides, onde tanto na série Robôs de Asimov, quanto no livro de Philip, os andróides mais avançados se parecem demais com seres humanos. O que faz gerar a pergunta: o que nos torna humanos? A aparência pode ser perfeita, tanto que o Deckard até se sente atraído por uma Androide. Mas o que realmente vai diferenciar um andróide de um ser humano? Uma pergunta tão legal quanto o teste Voigt-Vampff (tipo um detector de mentiras), usado para descobrir se alguém é um humano ou um andróide, medindo o nível de empatia das respostas a perguntas que evocam determinadas emoções.

O mais interessante, porém, são os três pilares em que a estória se sustenta: (1) os constantes questionamentos de realidade do personagem principal; (2) os juízos de valor, da sociedade, sobre o que é de fato ser um humano e o que não é, além do; (3) impacto da religião sobre a humanidade.

Sobre o primeiro, o leitor ficará, por vezes, perdido sobre o personagem principal e o mundo que o acerca, isto é, o que é real e o que não é?

Quanto ao segundo tema, os humanos são tratados como aqueles que possuem empatia e, automaticamente, respondem com sentimentos (inclusive, medidos em intensidades) diante das situações que se apresentam, algo que os androides não conseguem fazer da mesma maneira...

Já em relação à religião, o tema está intrinsecamente conectado e sustenta os dois primeiros, pois somente os humanos são capazes de sentir a dor de Mercer em seu sacrifício (assim como Jesus), efeito da empatia que possuem, e é essa dor, justamente, aquilo que os torna reais.

Entretanto, é no meio desses três temas, que o personagem principal, Deckard, se questiona o porquê de alguns androides assassinarem seres humanos, com objetivo de fugirem para tentar viver na Terra, mesmo sabendo que serão caçados. Conclui que, se eles se arriscam, é porque sonham/aspiram por alguma coisa, seja ela qual for. E, se possuem esse sentimento, será que os androides não podem ser "reais", à sua maneira, como os humanos são e, por isso, não merecem um tratamento diferente do que receberia uma reles máquina? E, principalmente, ele não deveria se sentir mal ao "aposentar" um ser vivo, talvez não tão diferente dele?

Uma obra com drama, reflexões, reviravoltas, perseguições, questionamentos, enfim, a cada página sua curiosidade só aumentará! 

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